quinta-feira, 16 de junho de 2011

Sejam sempre esquecidos-Paulo Coelho


No mosteiro de Sceta, o abade Lucas reuniu os frades para o sermão.
- Que vocês jamais sejam lembrados – disse ele.
- Mas como? – respondeu um dos irmãos.  – Será que nosso exemplo não pode ajudar quem está precisando?
- No tempo em que todo mundo era justo, ninguém prestava atenção nas pessoas exemplares – respondeu o abade. – Todos davam o melhor de si, sem pretender, com isso, cumprir seu dever com o irmão. Amavam ao seu próximo porque entendiam que isto era parte da vida, e não estavam fazendo nada de especial em respeitar uma lei da natureza. Dividiam seus bens para não terem que ficar acumulando mais do que podiam carregar, já que as viagens duravam a vida inteira.
Viviam juntos em liberdade, dando e recebendo, sem nada a cobrar ou culpar os outros. Por isso seus feitos não foram contados, e eles não deixaram nenhuma história.
“Quem dera pudéssemos conseguir a mesma coisa no presente: fazer do bem uma coisa tão comum, que não haja qualquer necessidade de exaltar aqueles que o praticaram”.

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